UOL erra feio com Nath Finanças

Nesta semana, o UOL publicou chamada em suas redes sociais sobre alguns membros do Conselhão de Lula, e no caso de Nath Finanças, reduziu uma das maiores influenciadoras financeiras do país a “ficante de BBB”… A reação veio forte e o portal precisou se retratar.
A história é contada em detalhes por Rafael Capanema no Núcleo.

 

Cobertura jornalística de massacres em escolas precisa melhorar

O programa Além da Notícia, da TV ALMG, debateu a necessidade de ajustes nas coberturas jornalísticas sobre massacres e ataques a escolas e creches. Participei junto com a professora Lola Aronovich, da UFC, uma referência nacional em discurso de ódio machista nas redes. O programa é apresentado pelo jornalista Alexandre Campello. Clique na imagem para assistir:

 

Temos vagas!

Aqui no Observatório da Ética Jornalística (objETHOS) estamos com vagas abertas para novos pesquisadores e pesquisadoras.

Com o lançamento do edital do Processo Seletivo 2022 do Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da UFSC, nosso grupo de pesquisa pode ampliar a equipe. O PPGJOR vai selecionar pós-graduandos e pode preencher até 20 vagas, sendo 11 de Mestrado e 9 de Doutorado. Como no ano passado, 50% das vagas são destinadas às ações afirmativas: pessoas pretas e pardas, indígenas, quilombolas, refugiados, pessoas trans e pessoas com deficiência.

No objETHOS, são três vagas.

O professor Samuel Lima tem duas vagas para orientar um mestrado e um doutorado. Esses trabalhos devem se alinhar aos assuntos de sua especialidade: jornalismo como profissão: perfil profissional, identidade e condições de trabalho; teoria do jornalismo – jornalismo como forma social de conhecimento; e crise no jornalismo e sustentabilidade do negócio jornalístico.

Eu tenho uma vaga para doutorado, e meus temas de interesse de orientação são: ética jornalística; crise no jornalismo; transparência no jornalismo e media accountability; privacidade, e credibilidade jornalística.

A seleção tem três etapas, todas a distância por causa da pandemia: análise de currículo e projeto, prova escrita, e entrevista. O prazo de inscrição vai até 13 de março.

Não quer aproveitar?

Limites éticos no jornalismo e na publicidade

No próximo sábado, participo do painel de abertura do 8º Seminário de Pesquisa da Abraji, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo.

Estarei com o ombudsman da Folha de S.Paulo, José Henrique Mariante, para falar sobre limites éticos no jornalismo e em anúncios publicitários. A ideia é abordar o caso do polêmico anúncio dos Médicos pela Vida, assinado por profissionais da saúde e que prescrevia o uso de substâncias comprovadamente ineficazes no tratamento de sintomas da Covid-19.

Um pouco do que eu penso sobre isso está neste artigo. O resto eu conto no debate.

E a ética jornalística na pandemia?

Participo amanhã, dia 28, de um debate com a Patrícia Campos Mello, da Folha de S.Paulo, e com o Mauri König, da Uninter, sobre reflexos da pandemia na ética jornalística. É às 19 horas, ao vivo pela página do Facebook do Sindijor-PR, com acesso público para perguntas e comentários.

A jornalista e professora Lenise Klenk, presidenta da Comissão de Ética do Sindicato dos Jornalistas do Paraná, será a mediadora. Aliás, o evento é uma realização da Comissão Estadual de Ética.

Jornalismo, pandemia e liberdade de imprensa: uma palestra

Participo daqui a pouco  – às 17 horas – da abertura do ano letivo 2021 no curso de Jornalismo da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) com a palestra Jornalismo, pandemia e liberdade de imprensa. Estarão comigo nesta atividade as professoras do curso Flora Daemon, Rejane Moreira e Ivana Barreto.

Vai ser por sistema de videoconferência com transmissão pelo canal do curso de Jornalismo no YouTube: aqui.

Google despeja migalhas ao jornalismo

Nesta semana, o Google News Iniciativa Startup Lab anunciou os dez empreendimentos jornalísticos que irá apoiar. Nas redes sociais, os contemplados vibraram com a escolha. Acontece que o gigante tecnológico vai destinar “até 20 mil dólares” a cada um dos escolhidos. Isso mesmo. Até 20 mil dólares. É uma miséria, convenhamos!

Nos Estados Unidos, um repórter ganha em média 45 mil dólares por ano. Quer dizer, o Google quer acelerar startups de jornalismo aportando o equivalente a cinco meses de salário de um profissional. E ainda alardeia aos quatro ventos que estão apoiando o jornalismo…

Numa crise financeira como a atual, quando outros potenciais apoiadores escafederam-se, as big techs despejam migalhas a coletivos ou jovens empresas que querem inovar. É desrespeitoso com os contemplados, com o  jornalismo e com a nossa inteligência.

Outubro cheio!

Este post deveria ser escrito em setembro, e vê-lo agora, na segunda metade do mês seguinte, já mostra como estão as coisas por aqui. Sim, aceleradas. Mas nem vou me queixar, eu quero é mesmo celebrar porque o mês está recheado de coisas boas. Pelo menos pra mim.

No dia 13, participei junto com Letícia Cesarino, Ronaldo Teodoro, Rafael Azize e Mariana Possas de um debate do ciclo Jornalismo e Direitos Humanos em Debate, na UFBA. O projeto é uma websérie de 10 episódios semanais tratando de problemas, derivações e consequências da loucura que é se comunicar hoje no mundo, e falar de direitos humanos. Nosso debate tratou bastante de crise de autoridade nas mediações do jornalismo e erosão de autoridade. Aliás, dá pra conferir aqui: https://youtu.be/tk9tXVn8ZIo

No dia 21, participo de uma aula dos professores Rafael Bellan e Rafael Paes Henriques no Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Territorialidades, da UFES. A disciplina se chama Questões em Jornalismo e pretendo tratar de um par de ideias que estão no meu livrinho A crise do jornalismo tem solução? (ATUALIZAÇÃO: um vídeo com esta participação está aqui)

No dia 23, estarei no seminário Desinformação e Pandemia, que Ronaldo Henn e os colegas da Unisinos estão promovendo. Participo de um eixo que vai discutir Dimensões éticas implicadas nas fake news e interfaces com sistema jornalístico com Felipe Moura de Oliveira.

No dia 27, converso com os alunos do curso de jornalismo da UFMT-Araguaia, liderados pelo professor Edson Spenthoff. O tema é as fake news, nas novas e as velhas formas de desinformação.

No dia 28, a convite de Vitor Blotta e Ben-Hur Demeneck, dialogo com os pesquisadores do grupo Jornalismo, Direito e Liberdade da ECA/USP sobre jornalismo e poderes das liberdades de comunicação.

Se não houvesse essa maldita pandemia, eu teria passado por cinco estados diferentes (BA, ES, RS, MT, SP), encontrado gente querida e dialogado de perto com elas. Com o vírus, tudo será mediado por telas… Estou muito grato por esses convites e pela oportunidade de trocar ideias e aprender com todos esses amigos queridos. Isso a pandemia não me tira!

Leituras sobre jornalismo para jornalistas

O Reuters Institute for the Study of Journalism, ligado à Universidade de Oxford, reuniu um conjunto de textos que considera referenciais sobre jornalismo. O guia é para jornalistas e está organizado em temas como comportamento da audiência, credibilidade, desigualdade e polarização, entre outros.

Como qualquer lista, esta é incompleta, embora seja bem ampla e interessante. É útil, mas totalmente focada em textos escritos em inglês, o que permite que eu volte a me queixar de uma coisa: os anglo-saxões parecem simplesmente ignorar ou desprezar tudo o que se produz e publica para além do umbigo anglófono. Se você acha que estou exagerando, apanhe um livro ou artigo influente da lista e vá até a bibliografia citada. Encontrou alguma referência em francês? Em espanhol? Em russo? Em chinês? Em árabe?

Se a sua resposta é “não, não encontrei”, não caia na armadilha de considerar que o resto do mundo que fala outras línguas não produza contribuições científicas. Há cientistas sérios, competentes e capazes em todas as partes. A questão é mais ampla e ela tem a ver com imperialismo linguístico, disputas geopolíticas e definições de validade acadêmica. É complexo e não vou resolver isso neste post. Apenas lanço uma pedra na água: se você fosse adicionar textos à lista da Reuters, textos escritos em outras línguas que não o inglês, que textos sugeriria?

Uma pesquisa sobre jornalismo e transparência

Estou desenvolvendo uma pesquisa sobre transparência no jornalismo. Se você é jornalista, que tal responder algumas perguntas sobre este tema? É rápido e, no final, te presenteio com uma surpresinha.

A pesquisa tem patrocínio do CNPq e ela foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da minha instituição, a UFSC. Todos os detalhes técnicos e burocráticos estão aqui.

Para participar, precisa ser jornalista em atividade no mercado. O questionário está aqui

Obrigado por participar e por compartilhar com seus colegas.

Em nome da “liberdade”, meios desinformam em Santa Catarina

(Publicado originalmente no S.O.S. Imprensa)

A pandemia da covid-19 tem produzido estatísticas aterradoras, cenários dramáticos e grandes acrobacias discursivas. Governos se esforçam para nublar sua incapacidade de evitar mortes, e autoridades justificam porque não precisam usar máscaras em lugares públicos, como mandam os decretos. Não bastassem mais de 105 mil mortes no país e uma quantidade incontável de sofrimento, estamos também sob forte bombardeio de informações falsas, duvidosas ou simplesmente falaciosas. Em Santa Catarina, por exemplo, há veículos de imprensa que, sob o pretexto de defender liberdades, estão contribuindo com a epidemia de desinformação. É o caso do Grupo ND, que levantou a bandeira da “liberdade de tratamento”.

Em um polêmico editorial em seu jornal impresso, reproduzido também no portal de notícias e na emissora de TV (retransmissora da Rede Record), o Grupo ND vociferou que não era mais possível “aceitar a tutela do Estado” no combate à doença, e que cabia a doentes e médicos decidirem a melhor cura. O desprezo às recomendações de autoridades sanitárias internacionais veio no meio de julho, justamente o momento em que Santa Catarina começou a flexibilizar suas medidas de biossegurança. Foi quando o governador lavou as mãos, repassando a responsabilidade aos prefeitos. O relaxamento fez os números de casos e mortos triplicarem em semanas, ao mesmo tempo em que um prefeito de formação médica propalava o uso de cloroquina, ivermectina e até aplicações retais de ozônio.

Sob o pretexto de defender uma liberdade, a de se tratar, o conglomerado simplesmente renunciou à responsabilidade dos meios que abriga: informar com precisão e atrelado aos fatos. Sem estudos clínicos que comprovem sua eficácia, os tratamentos experimentais acabaram ganhando o mesmo status de importância e espaço no noticiário, o que contribui para a confusão popular. Com sua bandeira libertária, o ND vem alimentando um ecossistema de desinformação que pode matar. Assim, ganha força o discurso anti-científico, o negacionismo e o curandeirismo.

O que é preciso dizer é que a postura do Grupo ND é tão verdadeira quanto o efeito salvador desses medicamentos. Sua argumentação é sofismática porque ninguém acredita que o conglomerado esteja mesmo preocupado com a liberdade de tratamento das pessoas. Se assim estivesse, teria incluído em seu editorial o uso medicinal de canabidiol, por exemplo. No fundo, o que o grupo empresarial defende é a redução de supostas interferências estatais na vida social. Em recente entrevista, o empresário Marcello Petrelli fez saber sua visão de Estado mínimo, e de como não enxerga seu conglomerado de mídia entre as elites que comandam Santa Catarina. Em um discurso ambíguo, reconhece os governos, mas tenta se desvencilhar deles, históricos aliados.

Igualmente contraditória é a postura que desdenha de cientistas e autoridades sanitárias, mas relega a médicos a prerrogativa de decidir a melhor prescrição à covid-19. Isto é, o Grupo ND só reconhece a autoridade que lhe convém, seja um Estado que não melindra seus negócios ou uma política pública de saúde errática e frágil.

Mas uma empresa de comunicação não pode marcar posição sobre esses temas? Claro que pode, é um direito opinar e debater temas importantes. Mas os interesses de grupos privados não podem prevalecer sobre os interesses coletivos e a lei. A saúde e a vida são de interesse de todos, e grupos de comunicação precisam dar especial atenção a assuntos delicados que podem causar mortes. Não é ético nem moralmente defensável que um conglomerado jornalístico desinforme, confunda e desoriente seu público, a pretexto de defender liberdade de escolha. A mídia precisa ter responsabilidade sobre o que divulga, pois isso pode afetar decisivamente a vida individual e em sociedade. Sem essa preocupação, o jornalismo abandona sua finalidade pública: servir a população, provendo a coletividade de informação confiável, verdadeira e de qualidade.

Se a opinião do Grupo ND ficasse restrita a um editorial, poderíamos conter melhor os estragos. Mas não foi um gesto isolado. Faz parte de uma questionável convicção e de um perigoso projeto editorial. Em 14 de agosto, o ND celebrou um remodelado projeto gráfico de seu jornal e as novas estratégias de “sinergia” entre suas redações. Relembrou as bandeiras que defendeu em catorze anos de atuação em Santa Catarina, e mais uma vez soltou o grito de independência de tratamento. No alto da página e ao longo do texto, reproduziu fotos de divulgação do sulfato de hidroxicloroquina…

SBPJor promove debate sobre ética e desinformação

Acontece hoje (8) à tarde, a partir das 16 horas, um debate promovido pela Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor) sobre ética jornalística e desinformação. O evento faz parte do ciclo “A pesquisa em Jornalismo em tempos de Covid-19”, e é o segundo debate da série.

Estarei com a Silvia Moretzsohn falando sobre o assunto, com mediação do Rafael Bellan.

Para acompanhar e fazer perguntas, basta “sintonizar” nos perfis oficiais da SBPJor no Youtube e no Facebook.

Guerra entre Bolsonaro e jornalistas deve continuar em 2020

O ano de 2019 foi um ano pra lá de tenso nas redações, não só por causa de demissões e fechamento de títulos, mas também porque cobrir os atos do governo de Jair Bolsonaro foi, digamos, mais insalubre do que imaginávamos.

Houve violência verbal, truculência, ameaças e medidas arbitrárias vindas do principal ocupante do Palácio do Planalto…

Você acha que a guerra entre o presidente e o jornalismo profissional vai amainar em 2020? Eu acho que não, e explico tim-tim por tim-tim neste artigo especial para o objETHOS.

ATUALIZAÇÃO de 13/12/2019: Falei um pouco mais sobre isso com a jornalista Kassia Nobre do Portal Imprensa. Veja aqui a entrevista.

Jornalismo, democracia e dados abertos, um evento

Daqui a dois dias, na sexta, 27, o Observatório da Ética Jornalística (objETHOS) vai realizar o evento Jornalismo, Democracia e Direito à Informação, uma jornada para debater dados abertos, cidadania informada e limites do jornalismo e do estado democrático de direito no Brasil. Nossos convidados são Sylvia Moretzsohn, Samuel Lima, Breno Costa e Maria Vitória Ramos, e a programação pode ser conferida aqui.

O evento é gratuito, aberto a todos, e teremos transmissão em tempo real pelo TwitterRádio Ponto UFSC e TJ UFSC.
A jornada marca os 10 anos do objETHOS, os 20 anos da Rádio Ponto e os 40 do Departamento de Jornalismo da UFSC.