10 anos depois, Marco Civil da Internet corre os mesmos riscos

Nesta rápida entrevista, Demi Getschko, o pai da internet do Brasil, revisita com clareza cristalina dois desafios como a neutralidade e a inimputabilidade da rede, que são bases do Marco Civil da Internet. Aliás, a entrevista a Luís Osvaldo Grossmann serve de diagnóstico dos dez anos desta importante lei…

Guia literário para entender as redes sociais (e avaliar a permanência nelas)

Um dos assuntos mais efervescentes sobre tecnologia no momento é a regulação das plataformas digitais. Em linhas gerais, sociedades e governos têm sinalizado que as empresas que estão cada vez mais onipresentes em nossas vidas precisam de limites. Como elas devem ser responsabilizadas pelos efeitos que geram? Quem deve fiscalizar isso? Como podemos fazer isso sem prejudicar direitos, liberdades, criatividade e inovação?

O parlamento brasileiro está prestes a votar o projeto de Lei sobre Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet (PL 2630), também chamado de PL das Fake News. Se sua cabeça está confusa com o tema, um bom atalho é este aqui e aqui tem outro. E se você quiser saber mais sobre a coisa, eu preparei um pequeno manual de sobrevivência no assunto com 30 sugestões de livros. Vou chamar de Guia Literário para Entender as Redes Sociais (e Avaliar a Permanência Nelas). É uma lista pessoal, composta apenas por livros que li e recomendo. A maior parte deles está disponível em português (links de compra nos títulos), e a lista não segue uma ordem de importância de leitura. Aliás, a lista pode ser atualizada frequentemente e sem qualquer aviso. Fique à vontade para sugerir outros títulos…

A máquina do caos – Max Fischer
Excelente esforço de reportagem que mostra como as grandes empresas do Vale do Silício se tornaram as gigantes atuais e como pequenas e grandes decisões comerciais, políticas e de engenharia transformaram as redes sociais numa indústria que alimenta o ódio e o extremismo, destroçando reputações pessoais e esgarçando o tecido social. Texto ágil, bem escrito e com muita documentação de casos. A leitura do capítulo 11 – A ditadura da curtida – dá muitos calafrios porque coloca uma lupa sobre a ascensão da extrema-direita no Brasil e todo o chorume que nos cerca. Compre aqui

Big Tech: ascensão dos dados e a morte da política – Evgeny Morozov
Se você tem um problema, deve haver um app que solucione isso. Mais do que um chamamento deslumbrado do capitalismo, essa frase ajuda a fortalecer a ideia de que a tecnologia pode resolver tudo. Este livro mostra que não e coloca as coisas nos devidos lugares: certas questões precisam ser enfrentadas de outra maneira e fora das grandes corporações de tecnologia.

O filtro invisível – Eli Pariser
O livro foi publicado por aqui há mais de dez anos, e tem uma permanência absurda porque apresenta uma ideia bastante central no tema das redes sociais: os filtro-bolha. Aquela coisa de que as redes sociais acabam nos colocando em bolhas de interesses comuns, nos isolando de pontos de vista diferentes, por exemplo. Isso é feito porque essas redes são projetadas para serem ambientes acolhedores, agradáveis e que nos motivem a ficar cada vez mais imersos neles. Ler este livro hoje e perceber como as coisas se mantêm cada vez piores é assustador.

Colonialismo de dados – João Francisco Cassino e outros
Acabou o tempo em que países eram invadidos, anexados e dominados por outros. Agora, estão todos livres. Peralá! O neoliberalismo é astuto e se transmuta rapidamente. Por que não exercer poder avassalador numa época em que é possível extrair dinheiro e poder dos dados que as pessoas oferecem espontaneamente? Esta coletânea ajuda a pensar assuntos como soberania digital, opacidade de algoritmos, exploração e resistência.

O círculo – Dave Eggers
As maiores empresas do mundo não se contentam mais em dizer o que devemos consumir, em como nos comportar e o que é mais relevante na vida social. Agora, elas querem também substituir outras instituições humanas, como o poder político. Diferente dos outros, este livro é uma obra de ficção. Será?!

A máquina do ódio – Patricia Campos Melo
A premiada jornalista brasileira mescla experiência pessoal e reportagem para mostrar como as redes sociais funcionam como ambiente tóxico de perseguição, agressão e misoginia. Sobram por aqui discursos de ódio, ultra-polarização política e ausência de controle sobre empresas transnacionais que manipulam consciências, instigam sentimentos e manejam comportamentos.

Os engenheiros do caos – Giuliano Da Empoli
Sabe aquele youtuber idiota que se torna o deputado federal mais votado? Sabe a influenciadora digital que, do dia pra noite, se transforma na líder de um movimento social barulhento e influente? Pois é, esta obra ajuda a compreender como funciona o fenômeno de políticos criados e hipertrofiados na internet. Se você pensa que o populismo digital é um problema só nosso e dos EUA, precisa ver o que já aconteceu na Europa…

Dez argumentos para você deletar agora suas redes sociais – Jaron Lanier
Este é um livro escrito por quem tem nojo e pavor da tecnologia, certo? Errado. O autor é uma das maiores referências da realidade virtual e sabe muito bem como funciona a mentalidade de empreendedores, engenheiros, hackers e outros elementos da fauna do Vale do Silício. Ele está lá, no intestino do monstro. De forma clara e com exemplos muito intuitivos, Lanier nos mostra por A + B que precisamos escapar dessas armadilhas. Aproveite e escolha o animal que você prefere ser na internet….

A era do capitalismo de vigilância – Shoshana Zuboff
Livro acadêmico, com farta documentação científica, e que se dedica a elaborar o conceito que dá nome à obra. Para além de explorar dividendos a partir de formas variadas de consumo, os grandes players do mercado exercem uma função de controle social e vigilância constante. Não é uma leitura para iniciantes, mas que pode ser enfrentada por qualquer pessoa que esteja genuinamente interessada em como tecnologia, economia e política caminham juntas e se cruzam.

Eterna vigilância – Edward Snowden
Se o seu barato não é livro acadêmico, vá por essa eletrizante narrativa pessoal do sujeito que contou ao mundo parte do poder monstruoso exercido pelas big techs em conluio com governos politicamente interessados no caos geopolítico. Tá tudo lá: vigilância tecnológica, sistemas e doutrinas de choque…

Tudo sobre tod@s – Sergio Amadeu da Silveira
Há mais de cinco anos, este autor já explicava tim-tim por tim-tim como as redes digitais extraem e processam nossos dados pessoais e como geram perfis de consumo, hábitos culturais, predisposições ideológicas. Se já era assim antes, imagine agora. Leitura fácil e didática.

Manipulados – Brittany Kaiser
Um dos escândalos mais lembrados do abuso de poder das grandes plataformas é o caso da Cambridge Analytica no Facebook. O episódio é contado – não totalmente, sejamos honestos – por uma das pessoas que mais têm autoridade para fazer, afinal, ela estava lá…

A morte da verdade – Michiko Kakutani
O foco da autora é a emergência dessa maluquice que tem muitos nomes: pós-verdade, negacionismo, império dos fatos alternativos e o escambau. Ela se debruça sobre o começo do governo Trump, e todos sabemos que esse sujeito laranja só se tornou presidente por impulso das redes sociais. Ao ler o livro, faça um experimento: substitua a palavra “Trump” por “Bolsonaro” e veja o que acontece.

Algoritmos para viver – Brian Christian e Tom Griffiths
Numa prosa atraente, esses dois cientistas mostram como podemos aprender bastante do comportamento humano a partir da matemática e da programação de computadores. Problemas banais como quando escolher o melhor lugar para estacionar ajudam a pensar em previsibilidade, agendamento e construção coletiva.

Ética para máquinas – José Ignacio Latorre
O livro ainda não foi traduzido do espanhol, e quando for, merecerá diversas notas e apêndices para atualizar a discussão, que não para de crescer nos últimos meses. O que tem a ver com regulação das plataformas? Ora, grande parte do funcionamento dos sistemas delas está apoiada em aprendizagem de máquina, algoritmos preditivos, inteligência artificial e outras temas que este livro trata. Achei que ele demora um pouco para fazer a tal discussão ética que está no título, mas vale conhecer.

Quando o Google encontrou o WikiLeaks  – Julian Assange
O livro tem quase dez anos e quanto mais o tempo passa, mais ficam claras as distâncias entre uma internet que poderia mais aberta, universal e emancipatória e outra, com jardins murados, ideologia californiana, apetite insaciável por startups, extração de dados e abusos econômicos. Assange segue preso e Eric Schmidt, Peter Thiel, Zuckerberg, Musk e outros continuam soltos…

Cypherpunks: liberdade e futuro da internet – Julian Assange e outros
Aliás, já que olhamos um pouco para o retrovisor, vamos voltar algumas casas. Este livro da década passada traz diálogos ainda muito inspiradores sobre como podemos moldar a internet nos terrenos do conhecimento, da informação, da participação política, da vivência das liberdades, da economia e dos direitos…

Algoritmos de destruição em massa – Cathy O’Neil
Se você pensa que os algoritmos são apenas aquelas linhas de comando no computador que te convencem a comprar um produto ou outro, abra sua cabeça. A autora – que é matemática e especialista em métricas – mostra casos reais em que sistemas – alimentados por algoritmos – fazem de tudo para excluir pessoas, segregar camadas da sociedade e aumentar ainda mais a desigualdade. Quando li, era coordenador de um programa de pós-graduação e fiquei semanas noiado pensando em como contribuímos para modelos de produção científica que funcionam como moedores de carne…

Sociedade vigiada – Ladislau Dowbor (org.)
Coletânea de textos que discute como as grandes corporações tecnológicos se aproveitam de engenharia social, brechas tecnológicas, atalhos psicológicos e ausência de leis para invadir a nossa privacidade, atropelar direitos digitais e corroer a democracia. Easter egg: o nome do organizador está errado na capa da edição que tenho aqui. Apesar disso, dois ou três capítulos valem muito.

Datanomics – Paloma Llaneza
Uma visão europeia, e principalmente espanhola, sobre o tema do recolhimento e tratamento de dados pessoais pelas plataformas. Uma visão sobre como o direito de lá olha para a privacidade em toda a parte. O livro também não foi traduzido para o português ainda.

A superindústria do imaginário – Eugenio Bucci
Uma discussão sobre o poder das big techs não apenas pelo viés da comunicação, da política, da hegemonia e da tecnologia, mas também com pinceladas fortes de psicanálise. Sedução, desejo, narcisismo e outras parafernálias libinais nos atravessam quando nos conectamos às redes, ensina o Bucci.

Fake news: como as plataformas enfrentam a desinformação  – Intervozes
Que tal um olhar brasileiro e rigoroso sobre como as gigantes da tecnologia estão combatendo as mentiras, os boatos e as teorias de conspiração? Facebook, Instagram, YouTube, Twitter e WhatsApp são estudados em detalhes e a notícia final não é nada boa. Aliás, você pode baixar o livro de graça aqui.

O mundo do avesso: verdade e política na era digital – Letícia Cesarino
Com todos os olhos da antropologia e todos os pés na cibernética, a autora mergulha nos devaneios que só foram possíveis nos devastadores anos daquele governo, talquei? Obra acadêmica, com camadas profundas de discussão sobre aspectos cognitivos e impactos da política algorítmica no Brasil. O festival de bizarrices que colhemos deveria ser suficiente para frear tudo e regular as plataformas já!

A liberdade de expressão e as novas mídias – José Eduardo Faria (organizador)
Coletânea acadêmica com forte ênfase no direito e que nos permite ter um debate sério sobre fake news, discurso de ódio, direito ao esquecimento e a utopia que as plataformas tentam nos convencer de que existe. Alguns textos envelheceram rapidamente, mas ainda iluminam áreas nubladas da discussão no Brasil.

Algoritmos da opressão – Safiya Umoja Noble
Dizer que o Google ganha dinheiro com racismo pode parecer forte, né? Te desafio a ler o livro e continuar a pensar que se trata de radicalismo.

Racismo algorítmico – Tarcísio Silva
Se a leitura anterior ainda não te convenceu da necessidade de regular as plataformas e exigir delas transparência sobre seus algoritmos e controle rígido sobre os vieses discriminatórios, este livro com olhar genuinamente brasileiro vai cuidar disso.

Liberdade e resistência na economia da atenção – James Williams
Avalie seu comportamento quando estiver conectado em suas redes sociais. Perceba seus hábitos e as oscilações do seu humor. E perceba como o foco, a concentração e atenção são drenadas. Mais um efeito perverso das big techs que não pode ser ignorado.

Para além das máquinas de adorável graça – Rafael Evangelista
Houve um tempo em que o Vale do Silício se guiava também por uma cultura e uma ética hacker. Ler este livro nos leva a pensar como a internet estaria hoje se a ganância, a arrogância e o tecno-solucionismo não tivessem contaminado o DNA do ecossistema de tecnologia mais poderoso da história.

Privacidade é poder – Carissa Véliz
Uma indisfarçável visão otimista sobre como podemos lançar mão da própria privacidade para retomar nossos direitos em tempos de redes sociais. Um desses livros que chegam a ser inspiradores e motivacionais em meio aos escombros em que vivemos.

A ideologia californiana – Richard Barbrook e Andy Cameron
Gente esperta, descolada, poderosa e muito endinheirada. Gente que decide os rumos da humanidade na política, entretenimento e economia. Gente com menos de 30 anos e que desafia a etiqueta usando moletons surrados e cabelos desgrenhados. Não se deixe enganar pelas aparências, é tudo ilusão e faz parte de uma ideologia que vem redefinindo o que chamamos de sucesso, necessidade e relevância no mundo atual. Para fechar esta lista, um texto que é uma patada no livre mercado que alicerça o Vale do Silício. Para desgosto das big techs, baixe de graça aqui.

Não se engane com mais essa do Facebook

Mark Zuckerberg quer nos fazer acreditar que anda muito preocupado com a privacidade.

Por isso, está movendo suas pecinhas para que as mensagens diretas do Instagram, as do Messenger e o WhatsApp se fundam e fiquem todas sob um escudo protetor de criptografia de ponta a ponta. Isto é, Zuckerberg acha agora que é preciso mais segurança para o usuário e blá-blá-blá-blá!

Não se engane.

Se Facebook e demais big techs ganham a vida vendendo, trocando e usando os dados que extraem de nossas contas em redes sociais, por que fechariam a porta para não mais fazer isso? Ou no linguajar técnico: por que atentariam contra seu próprio modelo de negócios?

O repórter Alex Hern, do The Guardian, tem uma hipótese: Zuckerberg quer colar tanto suas companhias que vai ficar complicado quando burocratas dos Estados Unidos e União Europeia quiserem cindir seu império. Zuckerberg estaria apenas se antecipando no jogo de xadrez para não ficar acuado.

Com um misto de ceticismo e indignação, o jornalista especializado em tecnologia espanhol Enrique Dans qualificou a atitude de “insultante”.

Uma das mais importantes organizações de defesa das liberdades na web, a Eletronic Frontier Foundation, disse que só vai acreditar num Facebook focado na privacidade quando vir um. Eu também.

Como usuários, queremos privacidade e queremos transparência. Não minta, Zuckerberg! Não despreze nossa inteligência e capacidade de dúvida.

ATUALIZAÇÃO: As coisas não serão fáceis para o Facebook na Europa, pois sua ideia de integração pode ser o rompimento com o acordo anti-truste da região e uma afronta à legislação de proteção de dados. É por isso que o Facebook está pesando a mão nos lobbies. Inclusive no Brasil, informa The Guardian.

Relatório acusa Facebook de violar privacidade e pede punição

O Facebook deliberadamente violou a lei de privacidade e concorrência e deve urgentemente estar sujeito a regulamentação estatutária, de acordo com um relatório parlamentar devastador que denuncia a empresa e seus executivos como “gangsters digitais”.

O relatório é resultado de 18 meses de investigação e se debruça sobre desinformação e notícias falsas. O documento acusa o monstro tecnológico de obstruir investigação sobre o tema e de falhar em atacar as tentativas da Rússia de manipular eleições.

Em reportagem, o jornal The Guardian reproduz síntese do documento e falas contundentes do presidente do comitê, Damian Collins: “A democracia está em risco com o alvo malicioso e implacável dos cidadãos com desinformação e anúncios obscuros personalizados de fontes não identificáveis, entregues através das principais plataformas de mídia social que usamos todos os dias”.

Os parlamentares britânicos estão muito, muito irritados com o Facebook e querem impor limites à empresa. Não é só porque ele viole a privacidade dos cidadãos, mas também porque atente quanto à livre concorrência, seja demasiado poderoso e ofusque a democracia. Não é qualquer coisa. Ao que tudo indica, a coisa não vai parar no tal relatório…

A reportagem pode ser conferida aqui

5 links fresquinhos sobre ética e privacidade

  • Marcio Moretto Ribeiro fala sobre o WhatsApp, sua criptografia de ponta a ponta e sua capacidade para espalhar desinformação. Para o autor, que é um dos coordenadores do Monitor do Debate Político no Meio Digital, a privacidade não combina com broadcast. Que dizer: temos um problema de foco aqui.
  • The Guardian informa que o Tribunal de Justiça Europeu decidiu preliminarmente que o direito de esquecimento não vale para todo o mundo, mas apenas se aplica aos países que fazem parte da comunidade européia. Parece óbvio, né? Mas a disputa é mais complexa se levarmos em consideração que a internet não respeita fronteiras e que o direito ao esquecimento é entendido por alguns como um desdobramento dos direitos civis, extensivo portanto a todos os seres humanos…
  • Já que é assim, que tal intensificar seus cuidados digitais? Afinal, segurança digital é o oposto de paranóia, como dizem os caras do Autodefesa. No site deles, dicas, manuais, técnicas, tudo em português e descomplicado. Favorite, navegue à vontade, e volte sempre que puder.
  • Mesmo se protegendo, os Cinco Olhos estão de butuca! O Privacy News Online conta em detalhes e em 4 partes como a NSA espiona todo o mundo.
  • Esta é para pesquisadores: a Rede Latino-Americana de Estudos sobre Vigilância, Tecnologia e Sociedade (Lavits) já está recebendo propostas de comunicações para seu 6º simpósio, que acontece em junho em Salvador. Mais detalhes aqui.

Para odiar Facebook, Google, Uber…

A leitura de Big Tech: A ascensão dos dados e a morte da política, de Evgeny Morozov, deixa um recado claro: tudo bem odiar as grandes empresas do Vale do Silício e seus tentáculos espalhados em nossa vida contemporânea.

Se você desconfia da felicidade plena que nos vendem as grandes plataformas, se você não acredita no paraíso digital que nos soterram com seus anúncios, este é um ótimo livro para começar o ano. A coletânea de nove artigos publicados nos últimos anos na imprensa europeia pelo pensador bielorrusso é uma grande oportunidade também para os leitores de língua portuguesa que ainda não conheciam suas ideias críticas.

Morozov é uma das vozes mais ácidas e lúcidas do momento, e seus disparos não são movimentos instintivos de um tecnófobo ou ludista. Com argumentos sólidos, exemplos atuais e linguagem clara, ele se opõe ao que chama de solucionismo tecnológico, denuncia a falácia da economia do compartilhamento, e mostra que as Big Tech são menos o hall colorido dos escritórios do Google e mais uma face cosmética do apetite infinito do capitalismo global. O autor também chama a atenção para a corrosão incessante de nossa privacidade e vida íntima, para as contradições que cercam a ascensão dos dados como “novo petróleo” e para os efeitos na organização política e social dos humanos…

Ouçam o Morozov. Leiam o que ele escreve. Pensem no que ele diz.

3 notícias péssimas para o usuário da internet

Nos Estados Unidos, o órgão que regula o setor de comunicações quer acabar com a neutralidade de rede, o que pode significar que a internet vai ficar cada vez mais comercial, e que ela vai priorizar os interesses de quem paga mais. Alerta vermelho!

Ainda por lá, a Amazon vai fornecer uma nuvem “secreta” para agências de espionagem. A um preço módico de 600 milhões de dólares, ou quase 2 bilhões de reais. Com isso, quem espiona terá serviços adicionais de armazenagem dos dados que ele rouba do usuário. Danou-se!

No Brasil, as empresas de telefonia e de provimento de serviços querem ficar com a maior parte das cadeiras do Comitê Gestor de Internet. Se isso acontecer, a sociedade vai ficar ainda mais nas mãos pegajosas dessa odiosa indústria. Alerta!

Fracassou o golpe no CGI

Comentei aqui que a decisão do governo federal de abrir uma consulta pública sobre a estrutura do Comitê Gestor da Internet (CGI) tinha cara de golpe. Fazia-se passar por democrática, mas era apressada, não discutida com os próprios membros do comitê e tinha interesses não muito claros.

Pois bem, a consulta pública terminou dia 10 de setembro e sabe quantas propostas ou sugestões foram feitas? 87. Vou repetir: oitenta e sete.

Apenas duas entidades de maior peso se pronunciaram: a Academia Brasileira de Computação e a  Associação dos Servidores do CNPq.

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, de Gilberto Kassab, quis atropelar, mas o resultado da consulta mostra duas coisas: 1. A comunidade que acompanha e milita na área não mordeu a isca; 2. A pouca participação tira qualquer legitimidade de mudança agora…

Vamos acompanhar os próximos capítulos da novela…

 

Tudo sobre tod@s, o livro

O professor Sérgio Amadeu da Silveira não é propriamente um sujeito alto. Mas ele se agiganta quando começa a falar, e como fala! Seu sorriso permanente, os braços cabeludos e os olhinhos saltitantes atrás dos óculos largos ajudam a compor a performance de fala ágil e quase gritada. Se a cena fosse muda, poderíamos supor que ele está comentando o final da temporada de uma série de TV ou a apoteose de um videogame. Seu entusiasmo é transbordante, e em muitas vezes contagioso. Ao chegar mais perto, ouviremos que ele está tratando de assuntos seriíssimos que afetam a nossa vida diretamente, como a violação de direitos humanos, os perigos à democracia, e as manobras perversas do capitalismo para não só se perpetuar, mas nos convencer de que está tudo muito bem, obrigado.

Quem nunca viu ou ouviu o professor Sérgio Amadeu tem uma nova chance. Ele acaba de lançar Tudo sobre tod@s: redes digitais, privacidade e venda de dados pessoais, um livro eletrônico que explica tim-tim por tim-tim como empresas (e governos) capturam, organizam e comercializam os dados dos usuários da internet. Todos. Sim, você também. Não só: essas corporações de tecnologia coletam esses dados para aprimorar sites e aplicativos e propor “soluções para o nosso cotidiano”. Muitas delas totalmente desnecessárias e não pedidas. Claro que não se trata de bondade das empresas, mas business, totalmente apoiado no nosso não consentimento, na intrusão de nossos hábitos, no monitoramento pessoal e na vigilância massiva.

Segundo Amadeu, o livro quer demonstrar que a sociedade da informação modificou o capitalismo e fez com que o mercado ficasse dependente de uma microeconomia de interceptação de dados pessoais. Isto é: não existe grande ou pequena empresa do ciberespaço que consiga prosperar sem usar informações sobre os hábitos de consumo, tendências políticas, desejos, segredos, características físicas ou emocionais de alguém. Essas informações são coletadas a todo momento de navegação ou uso de aplicativos (inclusive agora na leitura deste post). E um mercado colossal desses dados sustenta esse novo capítulo capitalista, atropelando flagrantemente o direito à privacidade, convencendo muitos de que ela é desnecessária, obsoleta e errada (!!!!!).

Sérgio Amadeu é um conhecido ativista do software e da internet livres. Mas também é acadêmico reconhecido pelos seus pares. Foi membro do Comitê Gestor da Internet (CGI.br), órgão que ajuda a dar as cartas sobre a web no país, e recentemente foi indicado como um dos representantes da sociedade no (infelizmente desidratado) Conselho de Comunicação Social. Em seu livro, vemos menos o ativista que o cientista, tão importante e estratégico para os nossos tempos que o primeiro. Afinal, precisamos de massa crítica para compreender a realidade que nos compõe.

De forma didática e clara, o autor nos explica conceitos da sociologia, da economia e da própria tecnologia; e oferece um panorama abrangente sem ser superficial. O capítulo em que explica como as empresas vasculham a internet atrás de nossos dados, como hierarquizam tudo aquilo e formam perfis de usuários e como apresentam “soluções” à nossa vidinha infeliz deveria compor o currículo do ensino médio e fundamental. Sem exageros. Precisamos todos saber como isso funciona porque isso só funciona porque empresas e governos usam os NOS-SOS dados.

Para além do didatismo e do alcance do livro, um de seus maiores trunfos me parece ser o fato de que é um dos poucos, raríssimos, que temos no momento em português. Mais de 90% das referências de minha pesquisa sobre privacidade são internacionais. Não porque assim eu queira, mas pelo simples fato de que temos ainda pouca bibliografia na área. Se uma desvantagem do livro de Sérgio Amadeu é tratar de um tema que se modifica a cada segundo (o que pode torná-lo defasado em pouco tempo), sua maior vantagem é apresentar ao público brasileiro um livro eletrônico barato (custa o equivalente a um pedaço de torta de chocolate), bem escrito e bem escorado teoricamente, e acima de tudo estratégico para os nossos dias.

Na verdade, eu até pegaria uma carona no jeitão hiperbólico de Sérgio Amadeu e proporia que o livro fosse adotado em escolas, e que seus cinco capítulos pudessem se transformar naquelas palestrinhas bacanas do TED. Em poucos minutos, o autor poderia nos arrebatar mostrando os intestinos da maravilhosa engenharia social que ajudamos a mover. Teríamos um curso de sobrevivência ao shopping de dados que alimentamos todos os instantes…

 

Trump não liga para a privacidade do seu povo

Pensa que o desmonte é só no Brasil? Que nada! Os EUA também têm lá seus problemas…

Donald Trump sancionou regras aprovadas pelo Congresso que permitem que provedores de serviço de internet comercializem dados pessoais dos usuários sem nem avisá-los. Isso mesmo! Liberou geral! A medida faz parte de um pacote de maldades que sepulta os movimentos de seu antecessor, Obama, e que coloca na mira o fim da neutralidade de rede.

O golpe de Trump aconteceu na mesma semana em que uma pesquisa mostrava crescente rejeição dos norte-americanos à perda de suas privacidades. De acordo com o estudo da Reuters, 75% dos ouvidos não abriria mão da confidencialidade de seus emails e mensagens nem para ajudar o governo a caçar terroristas…

Snowden: Certo e errado é diferente de legal e ilegal

Edward Snowden lembra que em diversos momentos de progresso da história dos Estados Unidos, as leis foram quebradas. Não por mera ilegalidade, mas porque era o certo a se fazer. Certo e errado não é a mais coisa que legal e ilegal…

Se fôssemos traduzir para a realidade brasileira, seria mais ou menos assim: Funcionamento regular das instituições não garante legitimidade política.

um mapa nacional da mídia digital

Mapeamento da Mídia Digital no Brasil imagesgstsAcaba de cair na rede um estudo amplo e aprofundado sobre os meios digitais no país. “Mapeamento da Mídia Digital no Brasil” é uma iniciativa da Open Society, assinado por Pedro Mizukami, Jhessica Reia e Joana Varon. Tem oito capítulos espalhados em 173 páginas que tratam de consumo, relações com a sociedade, jornalismo, tecnologia, negócios e formas de financiamento, leis, regulações e políticas. Em linguagem clara, com textos analíticos e recorrendo a diversas fontes, o estudo merece leitura atenta e muita discussão. Tem mais: está bem atualizado, já que a ele foram adicionadas informações sobre o Marco Civil da Internet, aprovado e sancionado em abril passado.

Acesse aqui. (em PDF, em português e com arquivo de 7,6 Mega)

trolladores amadores

O pré-candidato à presidência da República Aécio Neves (PSDB) torceu o nariz para uma série de páginas e ações na web que o teriam caluniado, difamado e injuriado. Entrou na justiça para saber quem estava por trás daquilo e chegou a processar Facebook e Twitter em sua cruzada digital. Contratou um super escritório de advogados e foi à forra. A Folha de S.Paulo de hoje informa que uma prefeitura petista estaria por trás das ações. Ao menos uma servidora pública da Prefeitura de Guarulhos teria atuado no caso, e equipamentos e instalações da Secretaria de Comunicação teriam sido usados.

A briga segue na justiça, mas se essas informações se confirmarem, teremos um caso de muito amadorismo em ataques políticos. É muita ingenuidade, burrice ou total desconhecimento de como funciona a internet e a informática tentar ferrar um inimigo político dessa forma tão primitiva

o cerco a assange

Faz tempo que você não ouve mais nada sobre o WikiLeaks?

Não tem mais novidades de Julian Assange?

O WikiLeaks informa que seu principal homem está há 1246 dias enfrentando algum tipo de detenção, 686 deles recluso na Embaixada do Equador em Londres. O site denuncia ainda que um júri secreto trabalha há 1539 dias para interromper os trabalhos do WikiLeaks, e que Chelsea Manning está preso há 1436 dias.

Não sabe do que estou falando? Veja aqui e aqui. E se o interesse aumentar, assista a O Quinto Poder (trailer abaixo):

marco civil corre risco; ainda!

A novela não terminou.

Embora tenha sido aprovado na Câmara Federal o projeto de lei que significa uma espécie de constituição da internet no Brasil, a regra ainda não virou lei. No Senado, o projeto emperrou novamente. Mais uma vez, o PMDB trava a roda da história! (sim, você já leu algo parecido)

O relator da matéria na câmara alta, o senador Luiz Henrique (PMDB-SC), está fazendo doce. “Não creio que a melhor alternativa seja essa urgência urgentíssima que querem nos impor para aprovar este projeto. Acho que o Senado tem todo direito de analisar detalhadamente o projeto para que ele, que já é bom, receba aprimoramento. Da minha parte, vou devagar com o andor, que o santo é de barro”, disse hoje aos repórteres do UOL. Segundo o relator da matéria, o Senado precisa ter tempo para analisar o assunto. Tempo?! Claro, afinal, tudo foi corrido até agora…

> O projeto de lei está tramitando há dois anos!

> O projeto passou por todas as comissões técnicas esperadas!

> A Câmara Federal abriu – pelo seu sistema eletrônico – uma consulta pública que permitiu que qualquer cidadão brasileiro sugerisse ou comentasse o projeto!

> Um relator se cercou de um punhado de experts na área para sistematizar as sugestões de forma a dar nova redação ao projeto!

> O plenário da Câmara adiou por oito (OI-TO!) vezes a votação, já que havia tensão entre deputados, empresas de telefonia e de informática, lobbies diversos e chantagem dos partidos aliados para aprovar o texto!

> Enquanto isso, vieram à tona informações de que a NSA (e vai saber mais quem?!) andou espionando a Petrobras, a presidente da República, ministros, tudo pela internet…!

> Dezenas de emendas foram propostas, e o relator costurou muitas delas no texto final do projeto. Negociações diversas aconteceram. O governo cedeu. As telecoms perderam em outros trechos, enfim, a Câmara aprovou o projeto em votação simbólica!

Pelo rito, a matéria seguiu para o Senado, e agora – mais uma vez! – o PMDB senta em cima do projeto. A presidente tem pressa. Vai ser a anfitriã do mais importante evento global que discute governança na internet – a NetMundial – e quer sinalizar ao mundo que o país pode sair na frente com uma regulamentação no setor que privilegie a privacidade, a neutralidade na rede e os direitos autorais. O evento acontece em São Paulo daqui a 13 dias… Para que os planos de Dilma dessem certo, em menos de duas semanas, o Senado deveria relatar e aprovar o projeto, sem mudanças. Se houver mudanças, a matéria voltaria para a Câmara, e aí, a presidente perderia essa vitrine global…

Para além da exibição pública, o que está em jogo é um marco regulatório para usuários, empresas e diversos grupos interessados, inclusive o Estado. Direitos precisam ser mantidos. Deveres devem ser imputados aos operadores do sistema. Responsabilidades precisam ser compartilhadas. A história reserva momentos importantes em que alguns valores devem prevalecer, acima das vaidades pessoais, das ambições políticas, das sacanagens partidárias, dos achaques.

O senador Luiz Henrique pretende ficar conhecido nacionalmente como aquele que enterrou o Marco Civil da Internet? O PMDB quer pagar a fatura de partido chantagista e que se equilibra em manobras regimentais para aumentar seu valor na república? O governo Dilma não vai se mexer? Os internautas vão assistir a tudo passivamente? A conferir…

ATUALIZAÇÃO de 14/abril/2014, às 16h40:  O jornalista Upiara Boschi informa no blog de Moacir Pereira que o senador Luiz Henrique agendou audiência públicas para discutir o tema. Veja aqui.

querem acabar com a sua internet

O Marco Civil da Internet é uma dessas novelas típicas do proselitismo e dos instintos mais baixos da política nacional. O projeto de lei pretende estabelecer regras gerais e essenciais para um setor muito pouco regulamentado no país. O documento foi amplamente discutido por meses e chegou a receber emendas e sugestões de cidadãos em consultas públicas. Teve um relator comprometido, paciente e incansável. Mas vem tropeçando desde 2012 nas pressões que as empresas de tecnologia e telefonia fazem sobre os parlamentares.

Isso se explica porque elas podem perder mercado ou mesmo poder de influência. Também se explica porque elas devem – caso o projeto seja aprovado conforme o texto original – ter obrigações adicionais com os dados dos usuários, por exemplo.

Para se ter uma ideia, o impasse é tão grande que a matéria teve sua votação adiada oito vezes.

Depois que vazaram as informações de que Dilma Rousseff fora espionada pela ANS, que seus ministros têm seus celulares monitorados pelo governo norte-americano e que eles vêm bisbilhotando a maior empresa do país – a Petrobras -, o governo rangeu os dentes. Colocou como uma prioridade aprovar o Marco Civil, como um sinal claro de que o Brasil se preocupa com direitos autorais, privacidade e neutralidade de rede, para citar aspectos mais evidentes do caso.

Dilma colocou sua tropa de choque para trabalhar, e o projeto foi colocado em regime de urgência para votação. Na prática, essa condição obriga o Congresso Nacional a analisar o projeto de lei, pois se não o fizer, não poderá votar outros da fila.

Não adiantou. Um deputado do PMDB – o maior partido aliado de Dilma no governo!!! – se amotinou e conseguiu atrair a atenção de outros parlamentares descontentes. A rebelião ganhou o nome de Blocão e, no momento, usa de chantagem para conseguir aprovar emendas parlamentares, indicação de cargos e outras migalhas. Como bem escreveu o jornalista e pesquisador Marcelo Träsel, a mesquinharia do PMDB pode derrubar a neutralidade da rede.

Vou além: se o governo ceder aos chantagistas e abrir as pernas para as grandes corporações da tecnologia e telefonia, vai acabar com a internet da forma que estamos acostumados. O que temos hoje é uma rede aberta, que não prioriza quem paga mais e que incentiva a criatividade. Tudo isso pode acabar de uma hora para outra. A culpa, você já sabe: vai ser do PMDB. Vai ser do governo. Vai ser dos demais aliados que votarem contra o projeto original. Vai ser dos demais parlamentares que sepultarem o Marco Civil.

Estamos numa encruzilhada sim: o Brasil pode se tornar um pioneiro importante na discussão dos direitos dos usuários na internet ou se juntar aos países que controlam conteúdos de email, que confiscam dados, que vasculham informações pessoais, que traficam conteúdos, que derrubam o sinal de internet, que intercepta comunicações…

Qual internet você quer? 

nsa para desavisados

Já que estamos sendo monitorados pela NSA, não custa nada saber um pouco mais sobre ela:

1. Claro que você já ouviu falar de CIA e FBI. A NSA pode ser uma novidade para muitos de nós, mas pasme: os EUA têm dezesseis (isso mesmo!), dezesseis agências de inteligência governamentais.

2. A NSA não é nova. Ela surgiu em 1952, o que significa dizer que a agência existe há mais de 60 anos…

3. O objetivo inicial da NSA era investigar fora dos EUA, filtrando informações de outros países que colocassem em risco a segurança norte-americana. As revelações de Edward Snowden mostraram que a agência também atuava internamente, bisbilhotando cidadãos estadunidenses.

4. Aliás, estima-se que 80% das comunicações que passem pelos EUA sejam filtradas pela NSA por meio de seus modernos recursos.

5. A NSA não trabalha sozinha. Ela conta com a colaboração – em diferentes graus de envolvimento e dedicação – de empresas de tecnologia e telecomunicações. Quem? Ora, Facebook, Google, Microsoft, Apple, Vodafone, Verizon, entre outras…

6. O Prism é apenas um dos softwares usados pela NSA para espionar pessoas, governos e empresas, Na verdade, ela dispõe de diversos sistemas para colher, filtrar, agregar e compreender dados.

7. A agência também tem altos investimentos e esforços para a quebra de criptografia, para o uso de alçapões em softwares, para a exploração de falhas deliberadas em máquinas e sistemas para extração de dados, e para a coleta de dados diretamente em cabos submarinos…

8. Na maioria das vezes, não importa muito o conteúdo das mensagens interceptadas, mas sim os dados de geolocalização. Com isso, a NSA consegue “ver” onde você está, por onde passa, com quem estabelece relações, etc…

9. Os dados não são tratados manualmente; há sistemas que comportam grandes quantidades de informação, que são sistematizados e convertidos em unidades compreensíveis.

10. Se você pensa que a NSA fica num sótão, num porão escondido, secreta, esqueça! Ela fica em imensos prédios, cercados por gigantescos estacionamentos. Confira aqui.