proibição da venda de bebidas nas estradas

Tenho visto e ouvido muita besteira nos últimos dias sobre a medida do governo que proíbe o comércio de bebidas em estradas federais. Tem chiadeira dos comerciantes, lei da mordaça entre os patrulheiros e algumas manifestações de motoristas. O argumento mais usado por quem vende bebidas em postos de gasolina, bares e restaurantes é o de que a medida não irá impedir o consumo de bebidas alcoólicas por quem realmente quer beber. Basta trazer suas garrafas ou latinhas no próprio carro. Ou ainda passar em qualquer estabelecimento em área urbana.

Ok, é verdade. Mas é um sofisma.

A medida do governo não tem a pretensão de erradicar o consumo de bebidas nas estradas. Seria muita pretensão ou alguma ingenuidade. O propósito é simples: não fazer vista grossa para este comércio nas estradas federais, nos locais da sua jurisdição. E claro: não facilitar o acesso.

O governo está certo? Está. E a medida demorou. Deveria ter sido implementada antes, bem antes. O governo tardou em atuar. E agora, faz apenas o necessário, nada mais que isso. A medida vem em bom tempo porque já vale para este carnaval. Mas penso aqui: e se tivesse sido antecipada em seis meses? Certamente, não teríamos os mesmos números vistos nos feriados de Natal e Reveillon…

E a medida precisa ser estendida para as estradas estaduais, por meio de leis específicas. Em São Paulo, já é assim. Minas e Santa Catarina, sempre na dianteira das tristes estatísticas, deveriam fazer o mesmo.

A lei não é a panacéia, mas é uma ação. O governo e a sociedade não podem se omitir. Agir é o contrário de se omitir.

Milhares de pessoas morrem no trânsito todos os anos. Muitos dos acidentes estão diretamente associados ao consumo de álcool. Há campanhas cada vez insistentes sobre a não combinação entre bebida e trânsito. A sociedade cada vez mais está consciente desses riscos.

A proibição da venda de bebidas em estradas federais não é populista, nem moralista. As mortes no trânsito são questões de saúde pública. As estatísticas são suficientemente claras e trágicas. Quem já perdeu alguém assim sabe o que é isso. Quem ainda não perdeu, não pode esperar que isso aconteça. Os argumentos dos comerciantes são movidos apenas por um interesse: o financeiro.

Até quando ficaremos vendo e revendo imagens e fotos de acidentes, com corpos mutilados, metal retorcido e gente sofrendo pelas perdas?

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